quinta-feira, 8 de setembro de 2016

Declaro-te uma "Super Heroína"

Hoje não me apetece falar-te, nem abraçar-te, nem tão pouco ouvir a tua voz. Estou triste! Cansada com a vida, cansada contigo mas não de ti!
Continuo a amar-te, mais do que aquele primeiro dia em que te vi e dos meus braços não saíste mais. Cresceste! Contigo cresceu este amor mas também as preocupações, e confesso nunca pensei que crescessem tanto (de forma galopante nos últimos três anos).
Sei que me amas, da mesma forma intensa e mimalha que te amo. Sei que sou "chata, má, egoísta, injusta", e uma grande quantidade de adjetivos nada simpáticos aos meus ouvidos e tão saborosos à tua boca.
É provável que tenhas razão! De facto, poderei ser algumas vezes isso tudo, e muito mais, estou certa que sim! Mas sabes filha, não consigo ouvir-te dizer nem mais uma vez que não és capaz! Que não consegues! 
Não consigo compreender que refiles e te insurjas de forma estridente sobre algo com que não concordas, num tom de má criação, e dois minutos depois chores descontroladamente entre um misto de cordeiro e lobo mau.
Oh querida filha, acima de tudo gostava que fosses capaz de, com humildade, olhar a vida que tens e ser agradecida.
Estarei apenas cansada como dizes!? Sem paciência após mas um dia esgotante!? É muito provável, mas mais uma vez deixei que me cortassem o pio! Desta vez permiti que fosses tu, uma pirralha de oito anos! 
Falei.... pedi que ouvisses!
Falaste... algumas das tuas verdades feriram-me! Ouvi-te!
Voltei a falar!
Choraste mais!
Sorrateiramente saí de cena e fechei a minha boca com um zipper.
Vim para casa sozinha. O colo da avó nestas alturas sabe ainda melhor. Olho o relógio. Passaram duas horas e continuo assim. Muda! Sem uma palavra dita de viva voz! Mil pensamentos invadem o meu cérebro, e uns tantos sentimentos confusos apertam o meu coração. Revolta?! Resignação?! Amor?! Saudade?! Loucura?! 
Aqui. Agora. Espero apenas o descer do pano, aguardando as cenas do próximo episódio, ou apenas o romper de um novo dia! 
Marteladas contínuas na minha cabeça não me deixam dormir, e se por um lado o meu corpo se entrega a uma preguiça quase mórbida, por outro o meu cérebro não se cansa de repetir as verdades que tu não sabes.
És muito mais do que aquilo que imaginas minha filha! Não fazes ideia no orgulho que tenho na criança solidária, preocupada com o próximo, carinhosa e meiga, em que te tornaste. És um exemplo de boa amiga, neta amorosa, filha preocupada e atenta, e aluna responsável, só preciso que não desistas de ti, entendes? Que não desistas de fazer voar os teus sonhos, mesmo que um vento forte ou uma tempestade insista em os derrubar. Só preciso que te levantes após cada queda não calculada e não receies a próxima queda (mesmo que te esfole os joelhos ou os cotovelos). Só preciso que confies em mim, para te apoiar, para te ouvir, para te abraçar, para te proteger... 
Não me subestimes Leonor, mas acima de tudo não te subestimes! És poderosa! Mais do que imaginas! És brilhante, juro filha! Será dessa capa invisível de "Super Heroína"?
Não receies partilhar comigo as tuas alegrias (ou tristezas), os teus sucessos (ou insucessos). Ao teu lado estarei sempre. Na tua vida serei uma estrela mas serás tu, a mais brilhante das estrelas no palco da tua vida! 
Amo-te!
Ps. afinal a bicicleta "grande" é apenas uma bicicleta. E mais um desafio vencido e um medo ultrapassado. És o meu orgulho!

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