quinta-feira, 19 de maio de 2016

Eu, a beta protocolar!

Fazes-me falta! Não de vez em quando, não apenas nas noites frias de inverno ou nos fins-de-semana soalheiros em que apetece passear à beira mar com os miúdos e em boa companhia. Fazes-me falta todos os dias... de dia, de noite, com dias de chuva ou dias de sol. Fazes-me falta porque o que temos não é pequeno, tem a nossa medida e construímos com dedicação e amor. 
Hoje, passados quase três anos da nossa decisão, de buscares longe de nós uma vida melhor, continuam a perguntar-me se já me habituei à ideia de viver sem ti todos os dias... a minha resposta é exatamente a mesma, como posso habituar-me a viver longe de quem me completa?!
Calculo o que te custa a ti estar longe de nós, mas sei efetivamente o que me custa a mim viver longe de ti e resumir este amor que ainda hoje dura, após quase 12 anos de casados, a um fim-de-semana prolongado por mês. É pouco!
Desejo-te todos os dias, deitado a meu lado na nossa cama. Os meus silêncios são muitas vezes o meu refúgio receando falar mais do que devo e contribuir para que a dor seja maior. 
Desejo partilhar contigo as minhas penas, os meus dilemas, as lágrimas que secaram de mim há tanto tempo.
Desejo partilhar contigo o chocolate quente, as conversas de fim de dia, até a melhor parte do bife que guardei no meu prato para comer no final.
Desejei que acompanhasses esta caminhada comigo há 12 anos atrás. Na altura não fazia para mim qualquer sentido fazê-la com outra pessoa, nem de outra maneira. Não imaginei nunca que a vida nos pregasse esta partida e nos fizesse caminhar a mesma caminhada mas separados geograficamente. Tudo se torna mais difícil assim! A vontade de continuar é muita... o esforço de não desiludir é maior... a esperança em dias melhores nem sempre existe... a vontade de desistir por vezes é a maior das minhas vontades.
Se tudo isto não o mostro, não o digo, não o revelo...
Se reprimo o abraço prolongado, o beijo revelador e as lágrimas de saudade, e como dizes "sou uma beta protocolar", só posso dizer-te que tenho de facto saudades da teenager que já fui! 
Esta versão beta é uma seca! Ossos do ofício, enfim!

segunda-feira, 16 de maio de 2016

Há luxos que não têm preço

Escrever é cada vez mais dar-me ao luxo de reservar tempo para mim. E o tempo para mim é cada vez mais escasso! 
Entre trabalho, escola, atividades dos miúdos, obrigações domésticas e obrigações familiares, pouco (ou nenhum) tempo sobra para o resto (o resto sou eu, diga-se!).
Encontro aqui - infelizmente cada vez mais raras vezes -, através das palavras que escrevo, um refúgio, uma forma ("a forma") de me sentir viva, de sentir que ainda por cá ando... lembrar-me por vezes que "penso, logo existo". Mas, de facto, a correria desenfreada em que se transformou a minha vida não permite dar-me a estes luxos - de escrevinhar sobre as minhas preocupações, obrigações, pretensões, e umas quantas outras palavras terminadas em ões.
E a vontade de escrever, contar, partilhar para que um dia possa ser recordado, acaba por não passar disso mesmo, de uma vontade... 
Esquecem-se as palavras porque há roupa para pôr a lavar; esquecem-se os episódios hilariantes e as histórias bizarras porque há miúdos a quem dar banho e pôr na cama; esquecem-se lamentos, saudades... poupam-se queixumes, lágrimas e até retórica porque, afinal, ao corpo devo fazer a vontade e descansar. É o que ele mais precisa. 
Vou dar-me ao luxo de viver um dia de cada vez. Boa noite!