sexta-feira, 15 de maio de 2015

Família, a minha de que me orgulho muito

Aprendi a sentir família com os meus pais, com a minha irmã, também com os meus avós, ao sabor dos cornetos de morango nas tardes de domingo e da cevada com biscoitos nas noites de inverno na cama da avó.
Aprendi que família se protege, sempre, doa a quem doer, mesmo que nos doa e bastante a nós.
Aprendi que família chora junta, ri junta, faz jantares e patuscadas junta...
Aprendi que família não passa a mão na cabeça quando estamos errados antes nos orienta, ou talvez repreende, mas jamais nos vira as costas.
Aprendi que família não sente os conselhos como crítica ou desrespeito, aceita-os da mesma forma que aceita o ombro amigo que ampara as nossas lágrimas ou a ajuda num episódio de crise.
Aprendi que família não mente, ninguém nos conhece melhor por isso para quê usar máscaras?!
Aprendi que família é sermos também pais tomando o lugar de outros que já o foram, asneirar como eles, sentir que as pedras suspensas no ar desde a adolescência nos caem sem ressentimentos na cabeça.
Aprendi que família é e continuará a ser sempre, para a nossa família, o porto de abrigo, o norte e o sul (e todos os pontos cardeais), a meta e a chegada, o bilhete de ida e volta com data não caducável.
Não somos ricos, nem temos a pretensão de sermos melhores que ninguém pois a vida para nós é apenas um caminho de aprendizagem... somos apenas família, querem maior riqueza que esta?!

quinta-feira, 14 de maio de 2015

M. à procura da Polaris

Há dias assim filha, em que me sinto tão perdida como tu. Em que não entendo porque não chega todo o bem que te faço, em que a esperança de um dia feliz se esgota no último minuto. 
Olho-te nos olhos M. e vejo que estás perdida, como um barco sem norte que navega pela força da maré... Há dias em que me sinto exatamente assim, talvez por isso saiba ler nos teus olhos os que os meus tantas vezes tentam esconder.
Sei que escreveres o que te angustia nas páginas Violetta do teu diário pindérico não minimiza o que te faz doer a alma, menos ainda resolve os teus problemas... Sei que tens razão, amanhã quando acordares tudo estará como ontem - na nossa casa, na escola, na nossa vida rotineira. Não sou mágica, muito menos fada madrinha do conto Cinderela, como mãe as tuas angústias são divididas comigo e tento nesses casos que fiques com a menor parte. Fazer rasgar o teu sorriso bem-disposto é o meu maior desafio diário na mesma medida em que procuro reduzir os teus ataques de insegurança e fúria, que vão chegando num crescendo angustiante... 
Tento amar-te no pouco tempo que nos resta depois das obrigações diárias - depois de TPC's, banhos, jantar e xixi, cama... Mas sei que um amor não substitui outro e que o espaço livre no teu coração faz-se ver nas tuas atitudes, no teu choro constante, na tua falta de confiança e auto-estima, nas palavras duras que proferes sem pensar.
Estás magoada, eu entendo isso. Os motivos são fortes para uma criança de apenas 7 anos que devia saber o significado das palavras amor, família, união, amizade e vive diariamente com uma palavra cravada no coração - saudade. Mas sabes querida, magoar os que te amam, afasta-los de ti vai doer-te ainda mais. 
Doce M. que recordo alegre e ternurenta, volta, estás perdoada! 

sexta-feira, 8 de maio de 2015

Pedras no sapato e um castelo no infinito

Posso ter defeitos, viver ansioso e ficar irritado algumas vezes,
Mas não esqueço de que minha vida
É a maior empresa do mundo…
E que posso evitar que ela vá à falência.
Ser feliz é reconhecer que vale a pena viver
Apesar de todos os desafios, incompreensões e períodos de crise.
Ser feliz é deixar de ser vítima dos problemas e
Se tornar um autor da própria história…
É atravessar desertos fora de si, mas ser capaz de encontrar
Um oásis no recôndito da sua alma…
É agradecer a Deus a cada manhã pelo milagre da vida.
Ser feliz é não ter medo dos próprios sentimentos.
É saber falar de si mesmo.
É ter coragem para ouvir um “Não”!!!
É ter segurança para receber uma crítica,
Mesmo que injusta…

Pedras no caminho?
Guardo todas, um dia vou construir um castelo…
                                                                                         (Fernando Pessoa)
Para ti filha, o meu conselho para a vida!

domingo, 3 de maio de 2015

M de mãe

Estou a aprender a ser uma nova mãe. Uma mãe sozinha com dois, que ainda resiste a programar o que fazer fora de casa sem ser a quatro, a quem cada lugar e cada cheiro tem sabor a nostalgia.
Estou a aprender a ser uma mãe que chapina mesmo quando a água do mar está gelada, que joga à bola e faz golo e vos pega às cavalitas sem um queixume. 
Estou a aprender a ser uma mãe de avental e colher de pau, que vos lambuza de beijos e vos faz pedir bis.
Estou a aprender a ser menos mãe-galinha, uma mãe que deixa brincar e tentar receando, no entanto, que se possam magoar.
Estou a aprender a ser uma mãe de sete ofícios, que ora rodopia num passo de ballet clássico ora finge perceber muito de acordes e escalas musicais.
Estou a aprender a ser uma nova mãe, consciente de que o teu lugar de pai ninguém o preenche nem eu tão pouco faço pretensões disso. 

sexta-feira, 1 de maio de 2015

Mãe, ajudas-me num projeto de engenharia?

- Mãe, tens uma caixa de sapatos que não precises?
- Sim... então para quê?
- Tenho um projeto com polímeros para fazer. Ajudas-me?!
- Claro querida. Então e que tipo de projeto?
- O meu quarto... dentro da caixa!
- What?! Estou feita, penso. 
O resultado final não ficou nada mal... a isto chama-se trabalho de equipa ;)
Uma casa de bonecas bem gira!
Tem cortinas, toucador e claro em cima da mesa de cabeceira "O Meu diário"...