domingo, 30 de novembro de 2014

Dois irmãos e uma casa

Esta não é uma casa portuguesa, mas fica tão bem na nossa! 
De ano para ano, e de há uns largos anos a esta parte, que pensava em construir a famosa casa de tradição alemã e que hoje faz sucesso em tantas casas de outros países da Europa e da América. "The Gingerbrad House" - Casa de Gengibre, uma casa totalmente comestível, que começou a ser feita na Alemanha, no início de 1800, e habita cada vez mais as casas portuguesas, com certeza.
Por isso, ontem comprei uma para montarmos. Apesar de não ser exatamente o que esperava (esta não é comestível), graças à casinha de imitação de gengibre, tivemos um pós almoço bem animado cá em casa. 
Nas minhas pesquisas descobri que há quem defenda que as casas de gengibre foram inspiradas na história infantil João e Maria, em que duas crianças abandonadas na floresta encontram uma casa feita inteiramente de guloseimas. E, bom, posto isto não resisti! O final da manhã foi passado no sofá, a três, a conhecer a história dos dois irmãos perdidos na floresta e "salvos" por uma miragem imprópria para diabéticos. Sentada, com a minha Maria e o meu João, os confiteiros que após o almoço não tiveram mãos a medir, deliciei-me a vê-los assistir a toda a história de olhos arregalados. Não sei se recearam a bruxa ou a dor de barriga que os chupa-chupas gigantes e as gomas coloridas lhes pudesse causar, sei apenas que ao início da tarde o resultado não foi delicioso como esperávamos mas muito muito giro! 
E por cá, nesta casa a que gosto de chamar lar, cheira cada vez mais a Natal, já o cheiro a gengibre só mesmo do incenso! ;)

sábado, 29 de novembro de 2014

Em modo Christmas!

Respira-se Natal... Em casa, na rua, por toda a parte. E nós que adoramos esta quadra ganhamos fôlego em cada lufada de ar natalício que entra. 
Cá por casa a árvore posa vaidosa no sítio de todos os anos desde o final do mês de novembro... o pai esteve por cá e, por isso, aproveitamos para não deixar quebrar a tradição. Fizemos deste domingo "o domingo de montagem de árvore" um dos dias mais especiais do ano cá em casa. Música natalícia, lanchinho de chá e bolinho caseiro, sorrisos e abraços, presenças amigas para o primeiro ligar de luzes e umas caras larocas que se deixam deslumbrar com o pisca pisca bailarino ora aqui ora acolá.
Recordo bem o dia em que nos apaixonamos por ela... esta árvore, ainda que artificial, é já parte da nossa história, conta cada Natal da história da nossa vida... primeiro a dois; depois a três, em 2007 com o primeiro Natal da M. e, desde 2012, a quatro. Na altura, tínhamos a certeza que nesta árvore teriam que caber todos bons momentos e por isso escolhémo-la grande e frondosa, capaz de nos seus ramos pendurar bocadinhos de nós... da nossa história... dos nossos momentos... da nossa alegria... capaz de transmitir que aqui se vive amor.
Amanhã, ambos sabemos, que olharemos esta árvore com outros olhos... mais tristes... só em vésperas de Natal este gigante iluminado, tal como os nossos corações, voltará a brilhar num intermitente piscar de emoções.

segunda-feira, 17 de novembro de 2014

Mãe galinha ao quadrado

Acabadinha de chegar. Tempo apenas para tirar os sapatos depois de um dia em que tudo aconteceu.
Muito trabalho, correria nos corredores numa contagem crescente e decrescente, corrida contra o tempo numa tentativa quase furada de cumprir uma promessa, compromissos adiados para depois de amanhã, um telefonema que me custou a alma, uns olhos tristes e um sorriso enganador, uma filha tão   adoravelmente crescida que amo mais e mais a cada dia, uns olhos chorosos que imploram colo de mãe e uma testa escaldante num corpo tão pequenino e frágil que me obrigo a largar num colo quente e meigo de avô.
Chamem-me mãe galinha, patética, provinciana... mas passar 24 horas do meu dia a quilômetros de distância dos meus duendes, numa ida rápida de avião à  capital, e deixar para trás o duendezinho pequenino doente - com febre, ranho, choro, dores de barriga e a pedir miminho da mãe - custou e muito. 

terça-feira, 11 de novembro de 2014

Quem sai aos seus...

A M. está cada vez mais crescida!
Já não quer golas ou golinhas, prefere túnicas!
Já não quer vestidos de princesa, com bordado inglês e laços grandes, prefere leggins!
Os sapatos feijão azul marinho saem cada vez menos da caixa e, em vez deles, nos seus pés sapateia umas botas à cavaleiro. 
Atrás de si não esquece o livro, o caderno de notas e a caneta cor-de-rosa com que escrevinha, escrevinha muito, cada vez mais! Às vezes frases telegráficas outras vezes adoráveis começos que, sabemos lá nós, quais os fins que terão.
Vum... vum...
sopra o vento, a chover e diz
"Eu sou o vento, a chorar e a fazer birra".
Vum... vum...
cai a neve no pátio,
este cobre-se de um manto branco, enfim...
Assin. ML a escritora de 6 anos

Ps. Espiei, confesso! Adorei o que li... tenho uma lágrima no canto do olho!
"A minha mãe é muito bonita! Adorava ser como ela".

terça-feira, 4 de novembro de 2014

Pão pão, queijo queijo

Há coisas de filho que não se dizem a um pai... contem-se 6 ou 36!
Há coisas de pai que nenhum filho merecia ouvir. Nestes casos o melhor é respirar fundo, e contar sem parar!
Há desabafos que engolidos a seco fariam menos mal, que o mal que fazem quando boca fora saem desenfreados. Engolir sapos faz parte!
Há palavras que o vento não leva e ficam suspensas sobre as nossas cabeças como nuvem negra carregada de tempestade... Hoje, amanhã, para sempre.
Há tempestades que entram portas a dentro, e tomam conta da casa a que chamamos lar, mais fortes que furacão, mais destruidoras que Dia de Apocalipse. Mas felizmente depois da tempestade, a bonança!
Há furacões que tomam a forma de meninos e meninas e que a nosso lado se erguem monstruosamente nos fazendo parecer visíveis apenas a microscópio. Invisíveis a olho nu!
Há meninos e meninas que não são monstros, não são bruxas, não saíram da tumba em noite de Hallowen mas que, dia após dia, parecem fazer um esforço grande em deixar para trás o brilho inocente que lhes particularizava o olhar. Ai se os meus olhos falassem!