quinta-feira, 28 de agosto de 2014

O que se esconde no bolso da M.?

O bolso da M. é pequeno, podia guardar uma Little Pet Shop das mais de 20 que tem, ou um elástico de cabelo cor de rosa, ou ainda um dos rebuçados de mentol  que o "tio das gaitadas" lhe oferece e que ela tanto gosta.
O bolso da M. é acolhedor porque nele guarda tesouros que cuida com carinho e esconde segredos que protege dos olhares curiosos.
O bolso da M. tem cheiro a alegria e sabor a beijos.
O bolso da M. pode não ser o maior do mundo mas é tão grande quanto o seu enorme coração - lá dentro cabe um amor felpudo e saltitante, um amor bebé, de orelhas e rabo arrebitados, de dentes que picam como agulhas; um amor antigo, negociado, conquistado, alimentado por longos e persistentes meses, segredado ao coração dos avós; um amor de criança - sincero, cheio de vida, entusiasta, que ora vive de risos ora vive de lágrimas.
O bolso da M. esperou meses a fio para ser habitado, soube esperar pacientemente, forrou-se do mais puro amor, revestiu-se de alegria e foi salpicado de 
O bolso da M. é um bolso de criança, poderia haver melhor lugar para receber esta surpresa?
A Estrelinha - o nosso cão de bolso, com chupeta e tudo

terça-feira, 26 de agosto de 2014

O Manel que podia bem ser o meu J.

O J. adora comboios... onde é que eu já ouvi isto?!
Por isso, com os 10 euros que o avó N. deu para que o menino nas férias comesse gelados ou comprasse um brinquedo de praia decidi que seriam mais bem empregues num livro. E, no fim-de-semana, lá fomos nós passear à Bertrand, sim porque cá em casa, desde o maior ao mais pequeno, comprar livros é sempre motivo de festa e de grande alegria. São tantos os livros nas prateleiras, mas nem assim o que se compra é considerado apenas mais um. Pelo contrário, é acarinhado, lido e relido, ocupa lugar de destaque durante semanas ou meses, até que venha o próximo. Depois há os clássicos claro, que têm sempre um cantinho especial na prateleira do quarto e de lá não saem, de lá ninguém os tira! 
Então, sábado lá foi o J. escolher o seu livro. Confesso que a compra não foi solitária, aliás sou da opinião de que deve ser acompanhada (há muita porcaria por aí) mais neste caso em particular pois o J. é ainda muito pequeno para conseguir permanecer atento apenas a uma prateleira (tudo o que vê o entusiasma) e fazer uma escolha acertada sem deixar-se entusiasmar por capas coloridas e com bonecada! Pelo menos julgava eu! Felizmente os meus pequenos monstrinhos adoram livros... felizmente a oferta de qualidade em livros infantis é cada vez maior... ainda assim a mãe procurou orientar sem, no entanto, forçar a compra deste ou daquele. E a escolha do J. não podia encher-me mais as medidas! Primeiro porque admiro a autora do livro pela sua humildade e simplicidade, porque já muito tinha ouvido falar do Manel no blog da Tânia e achei-o a cara do meu J., e ainda porque na simplicidade das palavras e das imagens estão afetos.
Já lemos e relemos a história do Manel, o menino que gostava de comboios vezes sem conta. Uma história que podia bem ser a história do meu J., aliás, o próprio muito satisfeito repetiu a história colocando-se como protagonista. De comboio na mão, um brinquedo que muitas vezes o acompanha e tão parecido ao comboio do Manel, o meu J. pequenino foi o Manel por um dia e de hoje em diante todas as vezes que ele quiser - o Manel acarinhado pela mana, o Manel que dá a mão à avó, o Manel de cabelos cor d'oiro e olhar curioso e meigo, o Manel que um dia conheceu por dentro um comboio da estação de Santa Apolónia. O Manel da Tânia Ribas mas também os nossos Afonsos, Joões, Rafaeis, Pedros,  what ever... os nossos meninos "pouca terra, pouca terra".

domingo, 24 de agosto de 2014

Nós por cá, depois de uma semana por lá!

Depois de uma semana em terras algarvias, longe de tudo e de todos - sem telemóveis sempre que possível, ipad só para fotografias, sem televisão ou outras tecnologias - a pensar só a quatro, a desfrutar de sol e calor, com pouca praia (água mais fria que no Norte) mas muita muita piscina, bons pequenos almoços e excelentes jantares, muita animação e boa conversa, a conhecer gente gira sem sair do mesmo sítio a semana inteira - com carro parado (à exceção de um dia para fazer a vontade ao paladar num dos nossos restaurantes de eleição do Algarve) - desfrutando do dolce fare niente, eis que foi tempo de, por terras do Norte, fechar com chave de ouro os últimos dias de férias.
E devo confessar, quando pensei que por cá os últimos dias teriam um sabor agridoce eis que tive uma agradável surpresa. Foi bom, foi divertido, foi não parar para não lhe perder o gosto!

sexta-feira, 15 de agosto de 2014

Rei por um dia!

Rei sem trono e sem coroa, de balde de praia na mão e chapéu panamá na cabeça.
Rei de sangue escarlate e cabelos d' oiro. De pé descalço e creme protetor no nariz de campainha.
Rei que gosta de ir nu, que aprende a fazer xixi sem fralda e dorme ao som das gargalhadas de outros pequenos reis.
Rei João Pequeno, de coração de gigante e olhos de uma ternura exemplar. 
Rei num pequeno mas poderoso reinado - o meu coração - ontem, hoje e sempre, ainda que em sete dias da semana apenas por um dia.

quinta-feira, 7 de agosto de 2014

O melhor do meu dia #22

Ontem. Final do dia. E uma conversa animada, num triângulo (não amoroso mas muito divertido) que me juntou a duas pessoas que muito prezo e com quem gosto de dois dedos de conversa de quando em vez.
Duas mulheres, um homem. Um tema polémico, que resultou numa discussão acesa mas muito interessante. Não falamos sobre religião, política ou futebol, nada teve a ver com sexo, mas no fundo, bem lá no fundindo, vai a ver-se e teve tudo a ver com tudo. 
No final, e depois de conhecermos posições diferentes - que ora se complementavam ora se alteravam (porque só não muda de opinião quem é burro!) -, estivemos tentados a tornar a coisa pública. Reservar um espaço (não um cantinho qualquer pois como dizia um de nós "os cantinhos já estão mais do que fora de moda") mas um auditório de uma faculdade (não qualquer uma, apenas a melhor) e fazer subir a palco a Trissecção do ângulo by...
Por acaso, confesso, lamentei que a discussão não tivesse sido a quatro já que assim seríamos a mais recente Quadratura do círculo (uns mais redondos e outros mais quadrados).
Utopias à parte. Há realmente episódios da nossa vida que começam com a seriedade que os próprios merecem e terminam reflexo do que somos - com boa disposição e gargalhadas sonoras!
É tão bom estar quase de férias... o mundo à nossa volta ganha outra geometria!

quarta-feira, 6 de agosto de 2014

Mãe, minha mãe

O J. está cada vez mais engraçado. 
Está na fase das malandrices, das birras, do falatório, dos pontapés e das correrias, de subir paredes e saltar de e para cima de tudo!
O J. nunca foi um bebé referência (que se encaixam nos percentis ideais e fazem as mamãs descontraírem com conta, peso e medida) mas é, desde o primeiro momento, o meu bebé fofo, o meu pequeno piratinha de perna de pau, o meu "amor pequenino"!  É daqueles bebés irresistíveis! Pequenote - tem pouco mais de 2 anos e todos julgam que tem 18 meses -, de pernoca torneada, de cabelo de anjo - de caracóis e cor de sol -, de olhos cor de avelã e boca doce como mel... o meu J. é  a little english men. E desde que este pequeno homenzinho entrou nas nossas vidas tudo mudou... O J. fez-nos ver que na vida nada é definitivo, que a vida e a morte estão tão tão proximamente ligadas que arrepia os pêlos dos nossos braços; que o amor chega para todos e não há amores maiores ou menores, apenas diferentes; que filhos são uma benção e que se a vida a três é boa, a quatro é melhor ainda; que meninas e meninos são mesmo muito diferentes, não é treta, é mesmo verdade; que o segundo filho já nasce a saber partilhar e tem o trabalho diário de conquistar o seu espaço; que o dia continua a ter 24 horas mas os minutos e as horas parecem esticar como nunca antes visto... o meu segundo filho faz-me ver o mundo com outros olhos, cada vez mais ternos e humildeS. Se a M. me transformou numa nova pessoa, o J. reinventou-a e, os dois juntos, diariamente, desafiam o melhor que cresce em mim!
Todas as manhãs desfruto do seu jeito dengoso. Ainda com um andar adormecido, arrastando atrás de si uma boneca de cabelos esbranquiçados (que o Pai Natal trouxe para a irmã mas que o J. adotou como sua), sobe a minha cama e deita-se ao meu lado. Cola-me um beijo nos lábios e com grande facilidade troca os fios do cabelo da sua boneca (sedosos mas tão artificiais) pelas pontas do meu cabelo que enrola nos seus pequenos dedos e, aí, começa uma sessão de "mimimis" que me faz apetecer ali ficar, deitada, até à eternidade.
Estes dias, em que ando mais preguiçosa e o corpo já pede férias, tenho desfrutado ao máximo deste acordar especial. E se especiais estas manhãs já o eram, no fim-de-semana fui brindada com o melhor do romper do dia.
Qual má disposição?! Qual meia hora de cara de poucos amigos?! Qual espaço e tempo para acordar?!
O meu little english man fez seguir à sessão de "mimimis" a expressão mais doce, mais terna que eu podia ouvir e assim a foi repetindo, vezes sem conta, durante todo o fim-de-semana: "Mãe! Minha mãe!"... a seguir ao abraço, ao beijo, ao sorriso, à lágrima, a frase mais doce e que derrete o meu coração.
O jeito com que a diz, bom, é do melhor! Um ar safado, sabedor do efeito que tão singelas palavras têm nesta mãe babada. 
Os meus filhos são realmente a minha grande benção e só tenho a agradecer os dias em que entraram na minha vida.