sábado, 29 de março de 2014

Um príncipe para o meu principezinho

Desde miúda que gosto de festas, festinhas e festanças. Talvez por isso hoje me sinta perfeitamente confortável na pele que visto diariamente no meu trabalho. Contudo, a formalidade a que as minhas funções obrigam nem sempre permite fazer o que mais gosto - ser criativa, inovar, pôr as mãos na massa e fazer acontecer com glamour e brilho. Por isso, os aniversários lá em casa são datas para tirar a barriga de miséria. 
Não falo do meu aniversário, falo dos deles! Desde que a M. e o J. nasceram o meu passou não para segundo plano mas para a quarta dimensão, mais ainda porque a M. faz um dia depois de mim. Nesse dia já ando a magicar a melhor forma de a surpreender com o que sei fazer melhor - party time!
Não deixo os preparativos em mãos alheias, permito-me a algum divertimento ainda que a trabalhar. Claro que este é um trabalho de equipa, que sem a preciosa ajuda do meu Chefe Gourmet predileto jamais seria possível - o pai J. Ele diverte-se na cozinha, entre tachos e panelas, pães-de-ló e folhados e eu, eternamente grata por isso, extasio com pesquisas, convites, lembranças e toda a decoração.
Aqui em casa é assim e, no passado sábado, tudo se repetiu mais uma vez.
Com a ajuda preciosa do Pinterest foi muito fácil deixar-me inspirar numa festa alusiva ao tema O Principezinho. Engraçado! Há 7 anos atrás (quando soube que estava grávida pela primeira vez) foi com este livro que dei a grande noticia ao J. pai. Na altura grávida de quatro semanas não sabia se teria que vestir a casa de rosa para receber uma princesa ou salpicá-la de azul para dar as boas-vindas a um principezinho. Tivemos a princesa que eu tanto desejava e a certeza de que fomos bençoados. O livro, esse é um dos que permanecem na prateleira do quarto da M. e que de vez em quando revisitamos nas nossas leituras.
Hoje, no dia em que comemoro o segundo aniversário do J. (o principezinho do meu coração) volto a oferecer este livro especial, ao próprio principezinho cá de casa. Não queria um presente qualquer, queria-o especial, diferente dos demais, ouro sobre azul se no dia da festa pudesse ser um elemento a não descorar... e feitas as contas, assim foi! Pai e mãe oferecem a edição pop-up de O Principezinho, da Editorial Presença, uma obra que apesar de bastante mais cara que a edição tradicional é de uma beleza e magia notáveis. Espero que passe de mão em mão - de pais para filhos, de filhos para netos.
Aliás, este ano tentei que o J. recebesse presentes bem diferentes dos habituais brinquedos de plástico, que ocupam imenso espaço e ficam dentro de caixas I. Por isso incentivei à compra ecológica de brinquedos diferentes e tão mais fofos! 
E se todos eles foram uma surpresa deliciosa para o meu filho (e para todos!) houve um que mereceu uma atenção especial, fez a delícia de adultos e crianças e fez brilhar os olhos dos meus filhos... o presente da M. 
Esta miúda é mesmo supreendente! Desde logo disse que queria um boneco para o mano. "Ele adora a minha boneca... coitadinho, devia ter um boneco dele!". E assim foi. A menina manda! Plim! Pelas mãos de umas fadas nasce um principezinho para o nosso principezinho, aliás, o elemento chave em toda a decoração! E devo dizer... mais bonito do que sequer imaginei! Agradeço à Lovely Things o sorriso aberto do meu filho e os olhos brilhantes da minha filha. Agradeço-lhes ainda as lágrimas que deixei escapar pelos meus olhos ao recordar a minha avó sentada no quarto de costura de pé no pedal da máquina Singer a costurar amor e mimo numa pequena boneca de trapos, de vestido cor-de-rosa, avental às florinhas e cabelos de lã. Que delícia! Que projeto de encantar! 



Ps. o J. estava lindo no seu modelito à espanhola (já repararam no pormenor principezinho?!) De dedo na boca e tramelinho fica ainda mais fofo! Mais uma criação deliciosa da Coelhinho Pompom, que mais uma vez não esqueceu o pendant de irmãos ;)

quarta-feira, 26 de março de 2014

Menino do meu coração

O J. não é um menino qualquer... é um menino garoto, um princípe de cabelos cor de oiro e de olhos que irradiam amor, de dedo na boca e cabelos de mãe enrolados na mão.
O J. não é um filho qualquer... é um bebé desejado (com pilinha entre as pernas e tudo), que não nasce fruto do acaso, mas resultado de um amor amadurecido, e que por isso não podia dar fruto apenas uma vez.
O J. não é um amor qualquer... é um amor sofrido, que nasce entre lágrimas e saudade, de onde brota esperança e uma alegria com pernas de gigante.
O J. não é um irmão qualquer... é meigo, apaixonado, de mãos de pena e beijos de mel, que sabe partilhar, que admira e protege, por trás da sua pequenez, um corpo esguio de bailarina.
O J. não é um menino de dois anos qualquer e, por isso, não podia ter nascido num qualquer dia, de uma qualquer forma. A 26 de março de 2012, há dois anos uma terça-feira, o meu menino nasce, sem grandes dores para a mãe, da forma mais natural possível mesmo com um cateter para uma possível epidural não necessária, numa sala iluminada pelo sol das quatro da tarde, ao som de um êxito musical dos tops da rádio e que uniu uma fadista portuguesa a um giraço cantor espanhol. Assim se eternizou mais um momento mágico das nossas vidas. Não foi a música, não foi o sol, foi ele, o meu querido e pequeno príncipe que tornou este dia tão, mas tão especial. O seu perfume, o seu choro, a fragilidade do seu pequeno corpo, a genica dos seus braços, a fugacidade voraz do seu mamar... marcaram para sempre este dia na minha memória.
Para receber-lo o dia vestiu-se de luz, num formato não apenas primaveril mas de veraneio, que convidava a praia e gelado. Eu, que olhei para ele pela primeira vez de uma forma que jamais pensei puder repetir, vesti-me de amor, do mais sincero e puro e que, pela segunda vez, fui capaz de experimentar. Um amor sem tamanho onde cabe a sua pequenez; que admira uma beleza imperfeita - enrugada e salpicada de roxo; que põe o coração aos pulos e provoca uma chuva miudinha nos nossos olhos.
O J. não é mesmo, de todo, um menino qualquer... é o meu menino, o menino do meu coração, que me mima, me abraça, me consola, me desarma, me transforma. Só posso agradecer mais esta benção na minha vida!

terça-feira, 25 de março de 2014

Carta às mães mais que perfeitas (não é da minha autoria mas alguém se inspirou em mim)

Querida Mãe:

Eu já te vi por aí.
Eu vi-te a gritar com os teus filhos em público, vi-te a ignorá-los no parque, vi-te a levá-los à escola antes de teres tomado banho, e de calças de pijama por baixo do casaco.
Eu vi-te a implorares aos teus filhos, vi-te a suborná-los, e a ameaça-los.
Eu vi-te a gritar feita louca com o teu marido, com a tua mãe, e com o agente de polícia no cruzamento da escola.
Eu já te vi a correr com os miúdos de um lado para o outro, a sujares-te no parque e a praguejares em voz alta depois de bateres com o joelho na esquina da cadeira.
Eu vi-te a partilhares um leite achocolatado com um maníaco de 4 anos. Vi-te a limpar o nariz dos teus filhos com os dedos e a limpa-los na parte de trás das calças de ganga. Vi-te a correr com o teu bebé de 2 anos pendurado na dobra do teu braço, para apanhares a bola que está a fugir para a estrada.
Eu já te vi a ranger os dentes enquanto o teu filho gritava contigo porque não queria ir à aula de piano, à natação, ou ao treino de futebol. Eu vi-te a fechar os olhos e a respirar fundo depois de entornarem um copo de leite inteiro em cima. Vi-te a chorar desesperada enquanto tentavas tirar lápis de cera da tua melhor mala.
Eu já te vi na sala de espera do hospital. Eu vi-te no balcão da farmácia. Vi-te com o teu olhar cansado e assustado.
Eu não sei se tinhas planeado ser mãe ou não.
Se soubeste desde sempre que querias pôr crianças neste mundo, cuidar deles, ou se a maternidade te apareceu de surpresa.
Não sei se correspondeu às tuas expetativas, ou se passaste os primeiros tempos como mãe aterrorizada porque tinhas imaginado que sentirias o “amor materno” doutra forma.
Não sei se tiveste dificuldade em engravidar, se perdeste algum bebé, ou se tiveste algum parto traumático.
Nem sequer sei, se concebeste o teu filho no teu ventre, ou se o acolheste na tua família.
Mas eu conheço-te.
Eu sei que não alcançaste tudo o que querias na vida. Sei que há coisas que nunca soubeste que querias até teres filhos.
Eu sei que, às vezes, pensas que não estás a dar o teu máximo e que podias fazer melhor.
Eu sei que olhas para os teus filhos e te revês neles.
Eu sei que às vezes apetece-te atirar um candeeiro ao teu filho adolescente, e atirar o de 3 anos pela janela.
Eu sei que há noites que, depois de deitar os miúdos, estás tão exausta que só te apetece enrolares-te na cama a chorar.
Eu sei que há dias tão difíceis que só queres que acabem depressa. Depois, na hora de ir para a cama os teus filhos abraçam-te e enchem-te de beijinhos, e dizem o quanto gostam de ti, e de repente querias que o dia durasse para sempre.
Mas nada dura para sempre.
Os dias terminam, e o dia a seguir é um novo desafio. Febres, desgostos amorosos, trabalhos da escola, novos amigos, novos animais de estimação e novas dúvidas. E todos os dias, fazes o que tens de fazer.
Vais trabalhar, ou ficas em casa pões o bebé no sling e ligas o aspirador. Ou vais até ao jardim passear com ele.
Largas tudo para moderar uma discussão sobre de quem é a vez de usar aquelas canetas especiais, para dar um beijinho ao óó da tua filha, ou para conversar sobre qual é a cor do batom que a mãe do Pinóquio usava.
Eu sei que fazes guerras de cocegas em castelos de lençóis, e que sabes de cor as histórias de, pelo menos, 8 livros ilustrados. Eu sei que danças de forma ridícula quando vocês estão sozinhos. E que inventam canções parvas sobre queijo, maus cheiros, ou ervilhas.
Eu sei que uma hora depois de deitares os teus filhos, largas o que estás a fazer e vais cortar as unhas do mais novo. Sei que paras de arrumar a cozinha, porque a tua filha te convidou para a festa de chá que está a fazer com as bonecas, e faz questão que lá estejas.
Eu sei o que custou tratares dos teus filhos quando tiveste aquela virose de 4 dias. Sei que comes os restos dos pratos deles, enquanto arrumas a cozinha.
Eu sei que não contavas com muitas destas coisas. Sei que não antecipaste amar alguém tão intensamente, ou andar tão cansada, ou ser a mãe em que te vieste a tornar.
Pensavas que tinhas tudo planeado. Ou então, estavas perdida e aterrorizada. Ias contratar a Nanny perfeita. Ou ias deixar de trabalhar e aprender tudo sobre crianças.
Sei que não és a mãe perfeita. Por mais que tentes, e por mais que te esforces. Tu nunca serás a mãe perfeita.
E isso, provavelmente, vai perseguir-te. Ou se calhar fizeste as pazes com isso. Ou talvez nem nunca tenha sido um problema.
Eu sei que acreditas que independentemente do que fizeres, poderias ter feito sempre mais.
A realidade é outra.
Não interessa o pouco que fizeste, no fim do dia os teus filhos vão sempre amar-te. Vão continuar a rir para ti, e acreditar que tens poderes mágicos que podes curar quaisquer coisas.
Independentemente do que acontecer no trabalho, na escola, ou num grupo de amigos, tu fazes, sempre, tudo o que está e não está ao teu alcance para garantir que no dia a seguir os teus filhos estarão tão felizes, saudáveis e espertos quanto é possível.
Há um velho ditado iídiche que diz: “Há um filho perfeito no mundo, e todas as mães o têm.”
Feliz ou infelizmente, não há pais perfeitos. Os teus filhos vão crescer determinados a ser diferentes de ti. Vão crescer com a certeza de que não vão pôr os seus filhos nas aulas de piano, de que vão ser mais brandos, ou mais rigorosos, ou ter mais filhos, ou ter menos, ou não ter nenhum.
Um dia os teus filhos vão estar a correr como loucos na igreja, a portar-se pessimamente no restaurante a fazer caretas para o lado, e alguém vai passar e elogiar a tua família.
Uma certeza podes ter: não és perfeita!
E isso é bom. Porque na realidade, nem os teus filhos são perfeitos. E ninguém no mundo se preocupa mais com eles do que tu, ninguém sabe porque é que eles estão a chorar senão tu, ninguém percebe as piadas deles melhor do que tu.
E já que ninguém é perfeito, tens de desempatar com 2 biliões de pessoas que estão em primeiro lugar “ex aequo” para concorrer à melhor mãe do mundo.
Parabéns melhor Mãe do Mundo. Tu não és perfeita. És mais que perfeita:
És tão boa mãe como o resto do mundo.

por Lea Grover em Becoming a super mommy
adaptado por Up To Lisbon Kids

domingo, 23 de março de 2014

Dá-me um abraço apertado

Sinto-me só e cansada, filha! 
Dá-me um abraço, encosta o teu rosto ao meu, enrola os teus pequenos braços ao meu pescoço e faz-me esquecer tudo o que não interessa. Aperta com força e leva-me de volta ao teu mundo de fantasia, onde eu e tu já fomos únicas. A esse mundo onde o relógio vive parado, onde não existem dias da semana nem horas do dia... apenas uma imensa vontade de ir ficando pela eternidade.
Abraça-me M. e dá-me um beijo sentido no rosto, sem ressentimentos, antes gentil e carinhoso como tu! Estão perdoadas as birras, as teimosias, os narizes arrebitados de boneca sabichona. Quero-te no meu colo. Sentir-te como já te senti - tão indefesa, tão linda e perfeita, tão minha!
Dá-me um abraço que diga tudo e que permita às nossas bocas permanecerem caladas.
Dá um abraço, filha! Que seja forte e terno, que nos aproxime sem doer, que te proteja e a mim salve.
Dá um abraço sentido, despreendido de pudores, inocente, eterno, quente... que nos una no coração no agora e para sempre!

quarta-feira, 19 de março de 2014

P de pai

Não tens sido apenas palavra. Tens sido todo o seu significado, repleto de amor e cuidado, e ensinaste-me que na vida de um filho, pai ou mãe, devem ser mais que apenas uma palavra com três letrinhas, devem ser presença, amor, cuidado, carinho, sentimento... Assim me recordo de ti, assim quero que os meus filhos se recordem um dia de mim.
Agradeço-te a criança feliz e a adolescente boa cabeça que fui. Agradeço-te a mulher em que me tornei - nem sempre forte mas para sempre uma lutadora. E recordo em flash a tua vida, a minha vida contigo, as nossas vidas!
Recordo os nossos domingos pela manhã, a menina de cabelos escorridos que fui, deitada ao teu lado a assistir na televisão a mikizada. Recordo essas manhãs com tanta saudade Pai!
Recordo as noites em que pulei para a tua cama, pedindo o carinho que na minha era ausente e o calor que do teu abraço emanava sem esforço. Lembras a ladainha que te obrigava a repetir vezes sem conta?! Eu não cansava de a ouvir, prova disso é que hoje a repito aos meus filhos: "Oh J. estás a dormir, ou estás acordado..."
Recordo as bonecas no Natal, a bicicleta nova, a primeira máquina de calcular, o primeiro computador.
Recordo-me moça... e o gira-discos, que arranhava os discos de vinil hoje saídos de baús, e que punhas a tocar todos os sábados de manhã enquanto andavas nas tuas lides. Foram eles que me deram a conhecer o que de melhor no teu tempo se fez e me ajudaram a suportar as limpezas domésticas que sempre detestei.
Recordo o teu colo PAI nos momentos mais triste que vivi. Esse colo que sempre me confortou e que sempre me recebeu mesmo quando da minha boca as palavras não conseguiam sair.
Recordo-me mulher... e o teu abraço nos inúmeros momentos felizes que temos vivido como família. Recordo o teu beijo num dos dias mais felizes da minha vida - o do meu casamento - e o nervoso miudinho com que caminhaste junto a mim até ao altar. Sei que foi também para ti um dia especialmente feliz. Depois desse, outros se seguiram e recordo-os a todos, com a mesma intensidade que os viveste, com a mesma emoção que os teus olhos não esconderam.
Hoje PAI, no teu dia, não te darei telemóveis última geração, ou o último best seller da literatura, ou um fim-de-semana de sonho... dar-te-ei o que sempre me tens dado a mim, o melhor presente do mundo - a família. Dou-te o meu carinho e a minha admiração incondicional, dou-te os beijos lambuzados dos meus filhos, dou-te o meu sorriso aberto, dou-te o abraço que o meu marido gostaria de puder dar-te, dou-te o que dinheiro algum pode comprar - nós!

segunda-feira, 10 de março de 2014

Carta aberta aos meus filhos #parte1

Querida M e querido J,
hoje olho para mim com especial tristeza. 
Não posso culpar a chuva ou o dia cinzento lá fora. O dia está solarengo e quente e até acordei bem disposta. Foi bom o fim-de-semana, soube a pouco, queríamos mais! Aproveitamos a três o melhor dos três, o melhor do tempo, o melhor do sol...
Não posso culpar o gato, o cão, o piriquito... não vivo em nenhum jardim zoológico e rapidamente não teria espécie animal que justificasse este mau humor injustificável.
Não posso culpar o pai J... ele está longe, a trabalhar... não seria justo!
Não posso culpar ninguém a não ser a mim própria, porque a culpa não pode morrer solteira. Não seria justo culpar quem viveu menos que eu e tem uma vida longa de aprendizagem (em que eu não posso ser figurante).
E por isso... decidi escrever-vos! A vós meus amores preciosos, minhas obras primas - minha bailarina guerreira e meu principezinho dengoso.
Esta é uma carta aberta - para mim para que em dias com o de hoje, a possa ler e reler e aqui encontre o conforto para mim própria, no amor que por vós sinto; para ti M e J, para que, um dia, quando já crescidos, possam ler qui ça entender apenas algumas coisas. Uma carta de mãe, que fala de um amor sem uma cor, sem um tamanho específico, sem um sabor particular... um amor que tem uma palete infinita de cores, tem formas variadas, tem tamanhos de escala e mais de mil sabores. Tenho ainda a esperança de que a guardem e, um dia, quando para vós a palavra mãe e pai tiver um significado ainda maior, a possam não apenas entender mas também sentir e, nesse dia, se lembrem da vossa mãe que todos os dias da sua vida, e não apenas num horário definido, sempre vos carregou no coração.
Escrever as primeiras linhas, foi ainda mais difícil do que imaginei, e acabei por começar de uma forma inesperada, que não planeei e está longe de estar literalmente perfeita. Afinal, há tanto coisa a dizer meus queridos! O meu amor por vós é tão grande, tão difícil de descrever que o branco imaculado de qualquer página o torna inexplicável e assustador. E, apesar de puder cair no ridículo e na banalidade, decidi não desistir e fazer como tantas vezes faço (para bem e para o mal) deixar-me guiar pelo coração. 
Falar de um amor tão sincero, que me extravaza, que me faz rir e chorar tantas vezes, que me faz melhor ser humano, não pode ser assim tão difícil, pelo contrário, devia ser fácil! Devo sim escrever sem parar! Escrever sobre sorrisos de dentes de leite e gargalhadas sonoras, abraços apertados e mimos de mãos pequeninas, beijos de bocas gulosas e olhares derretidos... Que engano! Falar deste amor não pode, não deve, é impensável que seja assim tão difícil!

quinta-feira, 6 de março de 2014

E esta, hein?!

Estamos a subir as escadas do prédio.
Mãe triste. Desde manhã assim, apática. Sei que amanhã o dia começará diferente, mais uma vez! Pai ausente por mais um mês! E se calhar em resposta ao esforço de quase subir 100 degraus deixo que o meu pensamento fale em tom de desabafo. 
"Nem acredito. O pai já vai embora amanhã!"
(um silêncio que não me espanta e uma cara de tédio que me lembra que abri a boca!)
"E qual é o problema?! Desde que o pai esteja bem!"
(Tradução: Dah mãe!)
Mãe estupefacta, no words, mas ainda longe da conversa estar encerrada!
"Desde que tenha comida e casa, estamos bem!"
Mãe de queixo caído! Apanha-o, e diz: 
"Filha, estás tão crescida!"
"Pois pois... e é bem bom ser crescida! Mas também dá imenso trabalho! Ufa! Estou exausta!"
Digam-me o que é isto!!!

quarta-feira, 5 de março de 2014

Faz hoje uma semana... e temos um queixo novo!

Faz precisamente hoje uma semana que a mãe da M (aqui a totó de serviço) a deixou no colégio para uma manhã de fichas de avaliação (uma manhã normal, normalíssima, julgava eu pelo menos!).
Cerca de 10h40 da manhã. A mãe em reunião e por isso com o telemóvel off; o pai em Lisboa (coincidência, também numa reunião); e, pobre M. nervosíssima, ensanguentada e em prantos.
A reunião da mãe durou quase toda a manhã e graças a Deus (Deus é pai!) desmarquei-me de uma outra que começaria logo de seguida. Saio a correr para fazer o mesmo de todos os dias - ir buscar a M. ao colégio para almoço, mas lembro-me de ver o telemóvel. Duas chamadas não atendidas do colégio e uma mensagem telegráfica do pai J - "Vai ao hospital XPTO pois a M esmurrou o queixo, mas fica tranquila! Já te ligo, tou em reunião."
Claro que fiquei tranquilíssima! Na minha cabeça começo a fazer o filme todo! "A minha filha está com o queixo aberto (para mim era já uma certeza!), desde as 10h40 que o colégio me tenta contactar e nada, a minha filha está no hospital com uma amorosa auxiliar mas sem a mãe...".
Tranquila eu?! Como não?! Super hiper tranquila! Brrrr!!! "Bom (penso eu), há que ver do que o carro é capaz!". Eu não corro, voo! Chego ao hospital. Estaciono onde calha, quero lá saber de parque de estacionamento, quero a minha filhinha que imagino deva estar aos prantos a chamar pela mamã!
Na receção sou atendida por um senhor simpatiquíssimo que me informa que não posso ter ali o carro mas que olha bem para a minha cara e pensa "Mãe desesperada, que se lixe o carro!". Subo o elevador e qual não é o meu espanto! Vejo a M. tranquilíssima (super coradinha é certo!), de mão dada com a auxiliar (a Tété, um amor!) e uns olhos de carneirinho triste!
Morri ali! Porra de mãe, penso eu! Porra de reuniões! Porra de queixo!
O antes
Naquele instante só queria segurar a minha filha, mas fui comedida! Toda a gente se cansou de elogiá-la (e com razão, mereceu todos os elogios!): "Portou-se tão bem! Uma verdadeira mulherzinha! Foi super paciente apesar de estar nervosa!"... e todos tiveram muita razão. A M. portou-se muito bem, a mãe é que não! Ossos do ofício! Mas sei que foi Deus que achou melhor assim! Tenho a certeza que comigo presente teria sido bem diferente! 
Aliás, a prova disso tive-a hoje! Fomos ao curativo. A M estava convencida que ainda não seria desta que ia tirar os seis lindos pontos que "colaram o seu queixo rachado" (como a própria gostou de o definir a quem contou teatralmente a sua história). 
O depois
Já tiramos os pontos e o comportamento da M., com a presença da mãe e do pai, foi bem diferente. Mais nervosa e receosa. Quando soube que não ia fazer curativo mas que ia tirar pontos não evitou as lágrimas nos seus grandes olhos. E eu quase me deixei ir com ela! Minha querida, quisera eu estar aí, sentada nessa cadeira, a sentir arrancar cada ponto (ainda que cuidadosamente) em vez de ti! Mas a vida de mãe é isto! Os nossos filhos nascem e são do mundo e aí daquela mãe que pensa doutra forma! 

domingo, 2 de março de 2014

O melhor do meu dia #16

Uma tarde de cinema em casa. Lareira acesa e um filme congelante. Uma história de amor verdadeiro que eu e a M vimos no cinema num dia muito especial e hoje revimos com o pai e o mano em casa, a quatro no sofá.
Lá fora uma tarde de chuva e frio, verdadeiramente congelante. Cá dentro, em nossa casa, é o calor dos abraços pequeninos e dos beijos rechonchudos destes dois que nos aquecem o coração.