sexta-feira, 28 de fevereiro de 2014

Menina pé de galocha

Menina pé de bailarina, ajustado em cor-de-rosa e que em pontas rodopia e gira gira gira...
Menina pé de pato, que com sapato de feijão, desfila vaidosamente por um Passeio Alegre que cheira a maresia e saudade.
Menina pé de clic-clac, de queixo no céu e braço erguido, que delicadamente agita um corpo de criança ao som melodioso de um minueto de mi, lá, ré.
Uma excelente aquisição na Zara em últimos saldos!
Menina pé de chumbo, que chuta a bola desajeitadamente e não faz golo.
Menina pé de cholé, que distraídamente descobre pequenos novelos de cotton entre os dedos.
Menina de pé descalço, que os aquece à lareira ou os faz correr na praia.
Menina pé de sola de sapato, que mãos de avó massajam e esfoliam.
Menina pé de agulha, de dedos perfeitos e unhas pintadas de um rosa forte, que desfila em saltos altos vestida de mãe.
Menina pé de galocha, de laço vermelho vaidoso, que salta pocinhas e agita um guarda-chuva de contos-de-fada - com sapos, princesas e tiaras.

sexta-feira, 21 de fevereiro de 2014

Eu te batizo #parte1

Chegaste às nossas vidas de surpresa. Contrariamente ao que a tua mãe pensava não foste uma dor de estômago fruto de exageros gulosos. Foste um dom, uma benção, uma alegria imensa, um presente maravilhoso que o Menino Jesus escondeu bem no fundo do sapatinho e nos fez descobri-lo já vem perto de um novo ano.
Para mim, a possibilidade da tua chegada foi uma alegria enorme. Saber que passaria também ao estatuto de tia. E, contrariamente ao que possam pensar, não me importa nada a forma como me venhas a tratar, o que realmente importa é aquilo que me queiras vir a chamar de forma natural, que é como gosto de estar na vida.
Durante nove meses (longos nove meses de curiosidade e expectativa) vi-te crescer dentro da barriga daquela que foi sempre um dos maiores amores da minha vida. A menina mulher que aos meus olhos custa crescer. Que de pé descalço brincava comigo na rua, sem receios do bicho-papão, e que corajosamente afugentava qualquer obstáculo à vassourada. A menina mulher com quem partilhei roupas na adolescência e abraços na idade adulta. A menina mulher que hoje, apesar de aos meus olhos continuar uma menina, é mulher mãe. Mãe doce, com sabor a biscoito, mãe vaidosa que mima e cuida, mãe paciente que protege e resiste, mãe galinha que chora a ausência e celebra as conquistas.
Quando nasceste pequena M. depositei um beijo sentido de amor na tua testa, amanhã querida bebé da tia, caber-me-á abençoar-te com o sinal da cruz e mais uma vez, perante Deus e os homens, dar-te mais uma prova deste amor imenso que une a nossa família. De tia passarei também a madrinha e, se por um lado foi uma responsabilidade que aceitei com orgulho e humildade, por outro sei que o meu coração já é teu desde que nasceste independentemente de estatutos ou atos de fé.
Amanhã será o teu grande dia M. mas acredita também o nosso! Estaremos todos, familiares e amigos mais próximos, a comprometermo-nos em ajudar-te a caminhar certeiramente pelo caminho da vida. Da minha parte não te prometo a lua ou uma qualquer estrela do céu pois saberás desde cedo que a tua tia-madrinha não é fada-madrinha com varinha de condão, é mulher de carne e osso avessa a promessas impossíveis. Contudo, minha pequena princesa fica a promessa de dar-te todos os dias um pouco do céu na terra, nem que para isso tenha que superar medos e fobias e subir por qualquer escada ou pé de feijão. Para ti pequena M. desejo que conheças sempre a alegria eterna do sorriso de uma criança, a serenidade de uma madrugada de primavera, a doçura de um colo de mãe, a inocência de uma gazela, a segurança da palavra casa, a fantasia q.b que te faça olhar o mundo com as cores do arco-íris.
Assim seja!

terça-feira, 18 de fevereiro de 2014

O melhor do meu dia #15

Acordar às 5 da manhã com um abraço quentinho que me envolve o pescoço e uma mão pequenina que desliza pelo meu rosto uma vez, duas vezes... vezes sem conta!
Não resistir, só desta vez! Afinal, é quase hora de acordar! Pegar-lhe ao colo até ao meu quarto para aproveitar o mimo por pouco mais de uma hora. Sentir a mesma mão escorrer pelo meu cabelo num encaracolar contínuo que me faz fechar os olhos e dormir.
Acordar duplamente bem acompanhada, com mimos. Uma pequena cabeça permanece encostada à minha, um pé pequeno e rechonchudo aloja-se sobre a minha barriga e um cheiro a bebé delicioso a alegrar esta manhã de terça-feira.

sexta-feira, 14 de fevereiro de 2014

Era uma vez... nós!

Era uma vez, uma história impossível de contar e mais difícil ainda de escrever. Sentimentos profundos nem sempre são detalhados em palavras, nem ficam bem em qualquer boca.
Essa história - a nossa - tem qualquer coisa de conto-de-fadas, contudo, eu e tu, estamos longe de ser comparados a qualquer figura do imaginário desses livros cor-de-rosa. A nossa história não fala de princípes ou princesas, dragões ou gnomos, cavalos alados ou musas encantadas, a nossa história - eterno namorado meu -, fala de uma menina sonhadora, hoje mulher e ainda sonhadora, e de um rapaz, hoje homem (quase quarentão), digno de um cavalo branco e uma espada mágica; não se esgota num período de tempo porque tempo foi o que menos interessou para nós (corremos sempre à frente dele); não tem limites (foi sempre a imaginação o nosso limite) e sempre teve obstáculos (que com amor sempre conseguimos ultrapassar).
A nossa história não é feita em passo de marcha, é antes uma corrida de galgo daquelas que nos faz sentir vivos, que nos põe o coração na boca e o faz vibrar, que enerva as nossas artérias e veias e nos arrepia a espinha.
A nossa história não é melhor nem pior que outras histórias; não é exemplar nem tão pouco digna de um best-seller.
A nossa história fala apenas de amor... Sim! DE AMOR! Daqueles ainda um pouco à moda antiga, ultrapassados - que aos narizes mais modernos cheiram a mofo -, de beijos roubados e escondidos, de gestos de carinho suspensos, de olhares envergonhados, de amizade disfarçada, de cartas escritas em prosa ou em verso deixadas por esquecimento na caixa de correio, de ramos de flores sem remetente, de bailes de garagem improvisados... 
A nossa história fala de amor. De um amor não apenas nosso mas que tem raízes, que não vive apenas de nós e em nós mas que é partilhado e vivido por muitos. Um amor que tem voz, que fala de família, de laços fortes, de risos e abraços, de respeito e amizade; que sabe a pouco; que cheira a maresia, a pinho, a pipocas acabadas de fazer, a pão de ló com raspa de laranja a sair do forno, a compota de abóbora, a morangos colhidos frescos; que se sente no rosto como neve da Serra ou como sol do Algarve.
A nossa história, outrora contada a duas vozes e hoje contada a quatro, merece, afinal, ser contada, pelo menos uma vez no ano, porque falar de AMOR ainda é o que era e nunca passa de moda.
Era uma vez...
ps. para ti que ajudas a escrever a minha história de forma simplesmente bela!

quarta-feira, 12 de fevereiro de 2014

Continua chamando-me assim... bebé!

Para nós mães os nossos filhos são sempre bebés. 
Ainda que uns bebézolas, crescidos e sem fralda, sem chupeta ou biberão serão sempre, para nós mães, os meninos pequeninos do nosso coração.
Creio que são os nossos olhos que se revestem de um feitiço especial que nos fazem olhar para eles sempre meninos(as) tenham eles 10, 20, 30 ou 40.
O J. está quase a completar dois anos e é realmente ainda um bebé. Pequenote, muito mimalho e uma verdadeiro tatarelho. Só mesmo a mãe e a irmã para entenderem este dialeto.
A M. por seu lado cresce a olhos vistos. Sinto-a qual grãos de areia a escorregar vagarosamente. Há muito que sabe o que quer! Não tarda nada deixarei de escolher os vestidos e saias e as fitas do cabelo. 
Olho para eles e percebo que se o tempo para eles corre, para mim voa. E confesso-vos, tenho cada vez menos curiosidade pela fase seguinte pois quero fazer perdurar a atual fase, de eternos bebês, de muito meus.
Poder mimá-los sem limites, deixá-los na escola com um beijo rechonchudo e um abraço apertado, ser recebida com um brilho de saudade nos olhos, contar com uma mão que me segura quando caminhamos na rua ou com uma outra que se estica para segurar na minha enquanto conduzo apenas porque sim.
Se sou mãe-galinha? Dizem que sim! Quanto a mim, sou apenas mãe e, como tal, impensável seria não "aproveitar enquanto a maré dá" como diz o ditado.

domingo, 9 de fevereiro de 2014

A tempestade já anda por aí

Não consigo dormir. A tempestade Stephanie (ele há cada nome para estes vendavais!) chegou e, num sopro só, levou o sono que por aqui andava. Estou alerta! Sinto-me fraca pois a gripe que passou por todos e chegou para mim, põe-me menos bem disposta, mas sei-me sozinha com os meus pintainhos e uma longa noite de ventania, chuva e trovoada pela frente.
Se o J. pai aqui estivesse a Stephanie, tenho a certeza, que nos visitaria à mesma mas eu estaria menos insegura. Confesso que este pequeno corpo franzino, que toma o seu lugar todas as noites na minha cama, me fragiliza ainda mais.
Nestas alturas, e com tantos avisos e alertas coloridos, são tantos os s's que o melhor é mesmo dormir.
Boa noite!

sábado, 8 de fevereiro de 2014

Atenção crianças, vírus ao virar da esquina!

Cá por casa todos adoentados. Tenho tentado aguentar-me mas não está fácil passar ao lado desta maldita virose, que passa de filhos para pais mas também de pais para filhos. E como diz o ditado, há de tudo como na farmácia - febre, pingo, olhos congestionados, dores no corpo, mau estar físico, falta de apetite, choro - é só escolher o pacote que quer levar para casa! Eu cá devo ter optado por um dos mais completos pois não falta nada e há para todos!
Podia dizer que não custa nada te-los doentes e não ter por cá o J pai mas sou péssima a mentir e, além disso, quem impõe regras tem que dar o bom exemplo. Por isso, admito que não ter o pai por perto nestas horas é ainda mais difícil.
Ando cansada e muito menos tolerante com eles. Até mesmo com as birras típicas de quem está doente, até porque também eu estou doente e devia ter direito a elas!
Temos dormido mal, comido ainda pior e o nosso humor já teve melhores dias. 
A acrescentar a isto tudo, espreito a janela e o que vejo?! Chuva e mais chuva, uma ventania que assusta e tudo indica que um frio de rachar.