quarta-feira, 27 de novembro de 2013

Nunca a palavra saudade foi tão portuguesa

Que país é este que deixa famílias suportarem a dor da partida?
Que país é este que deixa que filhos chorem a saudade dos pais?
Que país é este que separa famílias e fragiliza vidas?
É o meu e dos meus! Que não escolhemos mas nos acolheu. Um cantinho à beira-mar plantado onde mora a saudade mas também a ignorância, a pequenez e a ganância. 
País de gente crua, mal cozinhada, mal temperada, cozinhada em banho-maria, mas também de gente nobre, de coração farto, que bebe chá às xícaras, que não cruza os braços, que não desiste!
País de mais olhos que barriga, que engorda a barriga de alguns durante demasiado tempo e vê de barriga vazia tantos outros durante longos 9 meses!
Tenho orgulho em ser portuguesa e, contrariamente a muitos, adoro o nosso país - fazer férias nele, quer de verão quer de inverno; desfrutar da sua beleza única, dos seus lugares e tradições. 
Tenho orgulho do que se faz em Portugal em áreas como a investigação, que conheço de perto, no desporto... temos gente muito válida em inúmeras áreas, e não falo de meia-dúzia, são muitos os portugueses cá dentro e lá fora que nos fazem orgulhar.
Mas hoje, olho o meu querido país com tristeza. A minha tristeza de hoje é, com certeza, a tristeza de muitos há meses, anos... pais, filhos, maridos e esposas, irmãos, avós... famílias, que a distância separa no abraço, no beijo, no conforto, no enxugar de lágrimas e na partilha de sorrisos, e que as novas tecnologias tendem a aproximar confortando-nos de forma assustadora. Irão os nossos filhos banalizar o abraço com cheiro, o beijo molhado, o toque arrepiante?
Custa-me ver a M. chorar a ausência do pai e senti-la mais carente. Custa-me ver o J. olhar o meu computador portátil aberto e bater "toc,toc" no ecrã e chamar "papá". Custa-me não puder tocar-te, sentir a ausência do teu bafo confortante no meu cabelo, ter que decidir tudo sozinha (as coisas mais banais, como que vestido comprar para a M. ou que sapatos para o J.) mas que eram decididas a dois.
Sei que tudo isto não será eterno (a eternidade é muito tempo) mas custa-me saber que será por tempo demais!

segunda-feira, 25 de novembro de 2013

O melhor do meu dia #4

1. Saber que os amigos continuam no mesmo sítio de sempre, o lugar do coração, onde a amizade relaxa mas não dorme. Saber que nos pautamos pelos mesmos valores, pelos mesmos objetivos, que vivemos as mesmas preocupações e sentimos o mundo à nossa volta da mesma forma sentida, simples, sem artifícios.

domingo, 24 de novembro de 2013

O melhor do meu dia #3

Depois de um domingo de coração espremido, em que a ausência dói, dar-te um beijo de boa noite, filha, e receber um abraço forte e mimalho é, sem dúvida, o melhor do meu dia. E não pedia mais, mas até aí me surpreendeste! 
Relembrar-te, de olhos carentes, pela milésima vez o quanto te adoro e receber o olhar mais lindo do mundo e a resposta mais terna, mais doce, mais sincera. "Consigo adorar-te ainda mais mamã!"
Como se fosse isso possível!
Boa noite fofinha.

terça-feira, 19 de novembro de 2013

Antes chegar que partir!

Como podia um pai não ter saudades de uma filha assim?!
Que não dormia de excitação por saber que o "papá está de volta!"; que se vestiu e calçou a preceito para ir buscá-lo ao aeroporto; que sabia na ponta da língua todos os episódios e histórias da sua vida agitadíssima de criança e que obrigatoriamente partilhou com o pai logo à chegada (acredito que para o sentir perto, para o acolher rapidamente); que correu para um abraço forte de apego, de amor, de saudade... de "fazes-me falta, pai!"
O meu coração de mãe ficou apertadinho de orgulho. A M. está crescida! E isso, confesso, aborrece-me! Às vezes, sem pensar muito na barbaridade que digo (de forma sentido), deixo que me saia pela boca fora... "Filha, pára de crescer!" e abraço-a, e dou-lhe tantos beijos que quase a sufoco, e agarro-a contra o meu peito como se não houvesse dia seguinte, e quase choro com medo de perder aquele abraço de criança que tanto amo e que receio perder depressa demais.
Tenho o abraço do J., certo! Um abraço ainda mais pequenino. Certo! Mas cada abraço é um abraço. Cada filho tem o seu lugar no coração da sua mãe. E para mim, mãe de dois, o amor não é dividido é multiplicado. A M. e o J. ocupam o mesmo lugar no meu coração - o lugar de filho/a.
Estou carente!? Se calhar é isso! Mas isso faz-me olhar para os meus filhos com bondade, com gratidão, com vontade de aproveitar muito todas estas histórias, todos estes episódios que ajudam a construir uma história - a nossa história, aquela que os ajudará a crescer e que um dia eles irão recordar com a mesma saudade, a mesma ternura, o mesmo olhar melancólico com que hoje escrevo estas linhas. 

Vestido Maria Amora e botas à cavaleira da Haiti

O melhor do meu dia #2

1. Acordar de manhã, ainda que cedo, e saber que somos quatro cá em casa... somos família!
2. Ouvir a tua voz pelo telemóvel e saber que estás perto, e que à noite estaremos juntos, em carne e osso, e não virtualmente falando.
3. Sentir que o meu amor é imenso... que não dá apenas para a M., o"meu amor nº 1", mas antes que se multiplicou em vez de se dividir.
4. Apreciar o "meu amor pequenininho", que me cativa com a sua pequenez, com o seu jeito dengoso, o seu cabelo d'oiro e o seu abraço apertado e, sentir-me completamente apaixonada!

sábado, 16 de novembro de 2013

O melhor do meu dia #1

Esperar ansiosamente por ti, na expectativa de ver-te passado um mês, puder abraçar-te e contar-te tudo, olhos nos olhos, no silêncio dos lábios.
Estás quase quase a voltar!

sexta-feira, 15 de novembro de 2013

O melhor do meu dia...



Porque apesar das arrelias, dores de cabeça, gritos e berros, refilonices, lágrimas que não resistem e escorrem pelo rosto, olhar taciturno e cabeça baixa... há sempre um, dois, três momentos maravilhosos no dia-a-dia de cada uma de nós - mães, mulheres, profissionais... humanas, a partir de hoje abraço um novo desafio - um desafio que deu início a um movimento positivo e de amor - da Ana e da Catarina, ao qual esta Mãedas5às8 não podia deixar de responder.
A partir de hoje O Melhor do Meu dia... em foto, em frase, em texto, num exercício diário, semanal, mensal, à medida da minha vontade e das minhas limitações, objetivando fazer as pazes comigo e com os outros, repensar respostas e analisar perguntas, acalmar os medos e as angústias e guardar, aqui para sempre, apenas o melhor.

quinta-feira, 14 de novembro de 2013

Nunca mais é sábado!

E amanhã já é sexta-feira! YES!
Ansiosas por sábado à noite! Será para nós uma noite especial... A lua e as estrelas brilharão de tal forma que será quase quase dia. 
A nossa família será completa durante precisamente uma semana... sete escassos dias, aproveitados ao máximo. Sete dias de mimo, de conversa fiada, de abraços de pai, de beijos chorosamente sentidos, de olhares cúmplices, de entre-ajuda, de coração sossegado (ou quase!)... 168 horas de um tic-tac que se insinua a um despertar cruel e irreversível.
É certo que as novas tecnologias ajudam a sossegar o coração face à distância mas as relações de amor e carinho querem-se vividas em carne e osso, com toques de pele de galinha, com mãos que se entrelaçam e teimam em não se despreender, com abraços sentidos que sossegam corações desassossegados, com sussuros no ouvido de arrepiar, com beijos molhados por lágrimas sentidas... 
O nosso fim-de-semana será vivido assim a quatro como se quer!

quarta-feira, 13 de novembro de 2013

Ei carapau!

Ahahahaha!
Mais uma saída brilhante da M.
"Mãeeeee! Só para veres como sou crescida! Quando quiseres ir de novo ao Mercadito da Carlota já podes... eu fico com o mano! Cuido dele e tu vais à vidinha!"
Pergunto eu feita parva!
"Onde?! E tu lá sabes o que é o Mercadito da Carlota?"
"Sei sim mãe, claro! É aquele mercado onde se vende o peixe fresquinho!"
Solto uma gargalhada que não resisti.
M. com cara de assombro!
"Ai! Espera lá! Esse mercado... o do peixe, tem outro nome mamã, não tem?!"
"Sim M. tem. Devias querer dizer o Mercado de Angeiras".
"Pois, tens razão! O Mercadito da Carlota vende roupa e sapatos... certo?!"
Desculpe Fernanda! Ups! São muitos mercados nesta pequena cabeça!
Só posso crer que a comparação tenha sido feita pela positiva. 
O Mercado de Angeiras é dos melhores locais do Norte para comprar peixe fresquinho e a bom preço. A M. só pode ter confundido os mercados porque também nos Mercaditos da Carlota não falta qualidade a preços irresistíveis! Agora daí até termos pregões e carapau fresquinho, é preciso ter uma imaginação muito fértil!

domingo, 10 de novembro de 2013

All you need is love...

Há pessoas que como eu escrevem por amor...
Outras há que correm por amor, transpiram a camisola...
Há ainda aquelas que por amor fazem o possível e mesmo o impossível... sobem montanhas e pegam uma estrela!
E depois há aquelas que tudo onde tocam transformam em amor puro!
Com quais destas pessoas se identificam?
O que seriam capazes por A-M-O-R?! Este sentimento tão nobre, tantas vezes tão inexplicavelmente profundo e tantas outras futilmente explicado.


quinta-feira, 7 de novembro de 2013

De cabeça num qualquer astro, satélite ou estrela!

Ando mesmo com a cabeça no ar. 
Hoje, 8h15, chegada ao colégio. 
Estaciono.
M. desaperta o cinto de segurança, mãe vai pegar na mochila e lancheira no banco de trás do carro... e... quê dê?! Nem vê-las!
Ups! Olha que esta está boa. Chegar à escola sem mochila, sem lanche, sem caderno com TPC... excelente!
Não há tempo a perder! A M. entra no colégio sem mochila a soletrar: "Mau! Muito mau!". 
A mãe tenta disfarçar a loucura e manter a compostura! 
Às tantas a abelhuda não aguenta e lança boca fora, alto e bom som: "Mãe como foste esquecer-te da minha mochila!"
Morro ali! Se tivesse um buraquito, ainda que pequenino, que desse para me escapulir acreditem que o faria! Limito-me a corar e pedir-lhe em jeito de exigência! "M. cala-te!"
Graças a Deus existem os avós! E, vai daí, mãe desesperada liga ao avó M. que antes das 9 horas já estava de pé e cal no colégio a entregar o material faltoso da menina!
Digam lá que não ando louca?! Quase pareço a protagonista do filme Não sei como ela conseguemas claro sem aquela elegância toda em cima de um salto alto de não aguentar! Quisera eu!

quarta-feira, 6 de novembro de 2013

Mãeeeeeee! Where are you?!

Estou exausta! 
Apodera-se de mim um cansaço que apesar de também físico é muito mais emotivo e, que por isso, dói consideravelmente mais do que qualquer outro, de outra espécie ou género.
Sinto falta de viver a palavra família no sentido mais restrito... sinto falta de viver a minha família! E aí somos quatro e não apenas três! Sinto a ausência das nossas conversas ao jantar, mas também dos nossos silêncios. Sinto a ausência do corropio no corredor cá de casa, do pai a correr à apanhada com os filhos.
E já que falamos em corropio, os meus dias são passados numa correria sem tréguas, entre trabalho, colégio, colégio, trabalho, aulas de violino, catequese, e mais aulas de violino. A isto juntam-se os trabalhos de casa, os banhos, os ensaios de violino diários, as compras essenciais e, claro, as lides domésticas reduzidas ao mínimo.
Hoje não tenho tempo para mim. Se já me queixava no passado, hoje sei que de facto vivo para o trabalho e para os meus filhos. Chego a não ter sequer tempo para coisas básicas como tomar um banho relaxante, ou colocar creme hidratante no corpo, ou secar o cabelo depois do banho, ou fazer a depilação.
Mas tudo isto seria o de menos.
"Mãe vem buscar-me ao meio-dia!"
"Mãe não te esqueças de estar aqui quando eu sair do ballet!"
"Mãe não sais aí do banquinho até eu sair da catequese!"
"Mãe... mãe... mãe!"
Céus! Que é isto?!
Só pedidos... só exigências... 
Não esperava, é certo, que uma criança de cinco anos fosse o exemplo de perfeição mas exijo-lhe o mínimo - educação e respeito - o minímo que para mim qualquer pai ou mãe não apenas pode como deve exigir.
Acabo de escrever este post e hesitar a sua publicação. Mas, de facto é para isto que este cantinho, apesar de público, serve, para refletir o que me vai na alma, para me recordar daqui a meses e anos também as provações... porque a vida, queiramos ou não, gostemos ou não, é feita também de momentos menos positivos. Isso é que nos torna seres humanos e não máquinas. Isso é que nos faz valorizar ainda mais os bons e deliciosos momentos!